segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Telefone

quieto sobre minha escrivaninha
apagado, imóvel, inanimado
e desde o momento que despertaste
espero dele luz
queria uma vibração contínua
que quebraria o silêncio
minha melancolia é barulhenta
estardalhosa
espalhafatosa
talvez um desespero por atenção
a tua atenção
a tua voz
a tua chamada
para encher meu peito de esperanças vãs
mas ainda assim esperanças
sentado
fumando
espero

Adele

remember me once more...

Paisagem dominical

Eu queria voltar a ser feliz
Eu queria uma cena de cinema
Eu queria saber respeitar teu tempo
Eu queria gritar na tua sacada
Eu queria estar ensopado pela chuva
Eu queria que tu visse o amor nos meus olhos
Eu queria esta miragem dominical
Eu queria teu sorriso descontraído
Eu queria um olhar de dúvida
Eu queria me sentir estúpido
Eu queria sair correndo como se nada tivesse acontecido
Eu queria ser menos inconsequente
Eu queria te abraçar e te chamar de meu
Eu queria uma cena de cinema
Eu queria voltar a ser feliz

sábado, 17 de setembro de 2011

Metade

quando as letras de músicas fazem sentido...

Nós

eu sou o entrevistador
eu quem faz as perguntas
eu quem propõe as mudanças
eu tomo as atitudes
nesses surtos egocentristas hiperativos
eu eu eu
quero tudo pra ontem
respostas tuas (minhas)
atitudes minhas (tuas)
movimentos teus (meus)
meu (teu) medo foi o evento mais longo na minha (tua) existência
e quando resolvo largar do medo
tomar um rumo
que me (te) propõe certezas
que me (te) propõe prazeres
que me (te) propõe conforto
eu (tu) ganho incerteza
eu (tu) ganho lástimas
eu (tu) ganho desconforto
eu (tu) ganho MAIS MEDO
eu (tu) só queria teu (meu) abraço
poder te (me) ligar
e dizer que te (me) amo
poder te (me) exibir
como meu (teu)
poder me (te) entregar
ao que me (te) parece concreto
e neste castelo de areia
onde tu (eu) me (te) afogas
continuamos sentindo a mesma coisa
tu (eu) de um lado
eu (tu) de outro
seguimos nossos
confusos como num só
com o mesmo medo meu (teu)
com o mesmo amor teu (meu)
não moro mais em mim

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Negue

tenho falado a língua dela, ultimamente...

Catto

Pra daqui a dois dias... quando eu rir de novo!

lamento

superei meus medos.
busquei novos desafios.
tentei nossos acertos.
quis incrementar o perfeito!

sentei no canto da sala.
escutei a música tua.
lacrimejei como há anos não fazia.
conclui minha real posição:

segundo plano...

carta endereçada ao teu ser

bom dia, amor
esse não é um protesto verbal arrependido
podes ler de coração aberto
queria lhe explicar certos eventos
eventos confusos que se passam em minha mente
queria lhe explicar para tentar eu mesmo absorvê-los
eu sempre tentei entender tua linguagem
tua em particular
por vezes curta e profana
por outras extensa e afável
mas sobretudo, tua
teu sarcasmo doce
tua verborragia dolorida e profunda
cada resquício de linha torta
tinha uma mensagem oculta
e eu as absorvia como minhas
sob o subtitulo de só por hoje
ou mesmo sem subtitulo algum
meu egocentrismo absorvia mensagens tuas como minhas
e isso me inflava
sentir que tuas perturbações e teu triunfos
eram minha culpa
minha tão grande culpa...
entenda, amor
eram uma metáfora, esses teus rabiscos
absorvia-os porque era tudo o que eu podia
e a cada trocadilho linguístico
era um pouco de ti que em mim ficava
era uma influência mútua
pesada
densa
saudável
saudosa
nunca, até hoje, me neguei a absorver teus traços
mas hoje
hoje foi particularmente incomodo
perceber que minhas interpretações
não eram mais imparciais
me tornei um tendencioso
busquei respostas positivas
às minhas perguntas corajosas
saí da zona de conforto
pretendendo teu aconchego
e encontrei a angústia por respostas
tentando em cada riso teu
escutar um "sim"...
mas é cedo, amor
além da absorção dos versos
nada entre nós foi feito às pressas
tudo teve seu ritmo
e eu fumando espero
pela resposta que não muda nada
do que sinto, do que sentes
afinal, o 'só por hoje'
já virou 'pra sempre' há muito tempo!

teu,

Douglas

Aceitando não acreditar

Como não ser sóbrio se a noite insiste em ir embora?
Como desistir de tudo se o peito ainda bate tão apertado?
Como saber se tudo o que conheço são verdades mutáveis e mentiras sustentadas pelo desejo?
Eu ainda duvido dos dias de sol sem você,
ainda esqueço as chaves se você não é meu motivo para voltar,
andei perdido em você,
andei me perdendo em te perder,
e agora desisto de desistir, e passo a insistir.

Nada muda, mas eu imploro,
nada é, mas eu prefiro acreditar,
ande ao meu lado, e eu irei a diante.
Me faça verdade que teus lábios profanam no escuro,
no sussurro do suor,
me tenha como ao medo,
e serei o que consigo, serei seu.

Eu quis mais, quis limites
mas acontece que você sabe como voar,
e quando vai, me leva.
Me acalam a alma com um "sim".
Me guarde em você, e serei sol em manhã de domingo.
Me lave e me leve, me flua.
E me deixe fluir, me deixe ir sem doer,
e mesmo sem entender, me faça aceitar o que é o perder...

[T.F.B.]

terça-feira, 13 de setembro de 2011

[Re]uso

Gosto de homenagens...
gosto do gosto de homenagens...
elas trazem toda uma carga de energia alheia
transferida em gestos, cores e sons
eu particularmente gosto de homenagear
e tenho meus truques
músicas clichês
fotos antigas
versos de três pontos
são técnicas muito minhas
tentando arrancar lágrimas em momentos nostálgicos
te homenagear é um tanto complicado pra mim
pelo simples motivo que tuas táticas são muito similares às minhas
tu também cantas saudades
tu também extrapolas das imagens
tu também poetisa/profetisa os prazeres
e tu me enches de inspiração
me sugando a respiração
gosto de lembrar teus poemas obscenos
de uma profanidade tão puritana
-sim, isso é possível-
tua linguagem de corpos, línguas, fluídos, mãos, asas, sonhos
gosto tanto
gosto tão fundo
mas não me dá coragem te roubar a linguagem para te felicitar
eu pensei até em fazer bom uso de estratagemas antigos
te culpar pelos meus acertos e pelos meus devaneios linguisticos
porque, se hoje eu divago em versos
culpa tua
tu que me abriste o poder do horizonte
em extravasar cada sentimento vão em palavras mal contadas
tirar velhas folhas das gavetas da alma
e lança-las ao vento
para que elas se percam
e os outros se achem
por fim
me ocorreu de reciclar contos antigos
daqueles que eu escrevia nos primórdios
para comparar o que se moveu em nós
o que mudou na fala e no tato
o que nunca chegou ao paladar
e, relendo minhas desventuras pretéritas
me dei conta que somos tão diferentes
pelo menos aos olhos dos outros
mas continuamos tão 'mesmos'
tão linguagem corporal
tão mendigos cantando hiphop na Lopo
tão caveira-dentada no terraço
tão dormir com teu lenço
tão acordar sem teu sorriso
tão medo de que tudo mude
tão medo de que tu me deixes
tão eutanásia permitida
tão livres de quimioterapia
tão Ney Matogrosso
tão por-do-sol no mirante
tão meu último marido
tão pintinhas amarelas no fundo azul
tão cadarço vermelho de rodoviária
tão Imagem & Ação
tão teatro em Portela
tão 'fala com ela' no ônibus
tão café da Oca
tão chorar faz bem
tão Ton
tão Doug
tão nosso
tão só por hoje
tão pra sempre
tão te tenho
tão te preciso
tão te ensino
tão te aprendo
tão te abraço
tão te amo

te homenagear é um tanto complicado pra mim
passo de três a trinta
com a facilidade de quem sorri
quando pensa no que sobra de vida
que ainda tem ao lado teu!

Ro Ro

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Vazio

Vi uma estrada longa...
dessas cobertas pela sobra das arvores frondosas de primavera
pavimentada, mas sem pedrinhas de brilhantes
sobretudo, particularmente longa
por impulso ou intuição
eu corri
corri rápido
com pressa de chegar ao final
por vezes, maneirei o passo
pra não chegar cansado
mas mesmo assim, corri
queria muito ver onde aquela estrada iria me levar
tinha esperanças de encontrar um campo de flores
talvez um sorriso sincero
por sorte, acharia um abraço
e nesta ânsia curiosa
continuei correndo
a medida que ia chegando ao fim da estrada
eu ia revendo alguns fantasmas do passado
erros e falhas cometidas
e muitos, muitos tropeços
e por um milésimo de segundos
imaginei ter visto a mesma pedra que me derrubou anos atrás
corri mais rápido pra fugir dos traumas
e não vi fim algum da estrada
não vi flores
não vi sorrisos
não vi abraços
a medida que meu corpo pendia para o lado direito
com dores excruciantes nas panturrilhas
entendi que a estrada era levemente curva
sempre pro mesmo lado
olhei pro cordão da calçada
e senti a presença de duas figuras:
quando vi minha mãe chorando
e meu rosto marejado de triunfos
ali, tão proximos da rua
percebi que a estrada era circular
nunca teria fim
seria uma vida fadada a correr e não chegar a lugar algum
era por fim a hora de parar
de boa vontade, seguindo a lógica
nada fazia sentido no círculo vazio que havia se tornado minha vida
era tempo de novos rumos

Fofura

domingo, 7 de agosto de 2011

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Auto-estima

Penitência

Não sou um exemplo de penitência
não sou
vivo de prazeres mundanos e sujos
sem ter pena sequer de mim
que dirá dos outros
sou apenas um limitado
sentimentalmente limitado
não tomo mais minhas doses de morfina
não degusto mais meus delírios de Caetano
não consigo tomar atitudes que prejudiquem
quando tem plena conciência do prejuízo
não ser egoísta me fez mal
me prende
me sufoca
e heis que me encontro
sufocado
preso
penitente
sem achar justo ter pena
sem achar certo ser egoísta
até quando?
até mais...

Jogos mudos

estive mudo por tanto...
escrevi textos meus
mas não tão meus
eram montagens
pequenas palavras cruzadas de versos alheios
tomando forma de uma monstruosa obra-prima
queria eu que o binquedo fosse pequeno
um jogo rápido e prazeroso
mas juntar as cinco mil minúsculas peças desse quebra cabeça
quase quebrou a minha cabeça
quase me dirigiu à insanidade permanente
e me privou de palavras minhas
palavras contadas
palavras dispersas
palavras versadas
palavra minhas
palavras
queria eu as palavras
queria o tempo de palavras só minhas
divagava com o tempo de não mais precisar de versos alheios
para escrever algo que outros considerassem válido
heis que o tempo de palavras minhas retorna
nem quente, nem frio
nem inverno, tampouco verão
só acolhedor
tal qual o reconhecimento do leitor
que se deleita com estrofes ao vento
já não sou mais mudo
nem preciso falar com as mãos
tomo minhas palavras ao léu
e jogo-as ao vento, livremente
para que gritem aos ouvidos alheios
que eu sou mais que um simples quebra cabeças

Carvão

sábado, 11 de junho de 2011

Dezinteresse

ando pintando linhas
riscos soltos
pingos deixados sobre o papel de rascunho
que por desuso ou desapego
vai ser amassado e transformado em machê
sem correr o risco de se perder nos entremeios da pasta
prendo linhas rubras em maças do rosto
e vejo manchas púrpuras em peles mais ressecadas
não penso
só tracejo
por horas paro com o trabalho
e observo o tanto já desenhado
algumas cores deixadas de lado
preto que só se revela em sombras
pois o ambiente é de sol intenso
me desapego da obra
me desprendo dos ideais utópicos
para entender um desinteresse mutuo
relacionado ao medo
medo que a tela sente de mim
medo que eu sinto de terminar a obra precipitadamente
por ora, me prendo aos olhos
que gostariam de se mostrar verdes
esmeraldinos de lágrimas vãs
mas vão sempre insistir nessa doce mistura
do fundo azul com manchas amarelas
acho o ton perfeito
para os últimos e melhores momentos
de uma obra que não quero exibir
guardo-a comigo
e nada mais importa

sexta-feira, 10 de junho de 2011

O erotismo de Roberto

eu sou apaixonado pelas letras do Roberto Carlos
acho que é um amor que vem de mãe pra filho.
por muito tempo, fui implicante com ele
com ele e com Chico Buarque
como pode essa gente fanha fazer tanto sucesso cantando?
vão procurar uma fonoaudióloga!
mas o ponto não é este...
o fato é que tanto Chico quanto Roberto escrevem muito,
eu disse: MUITO BEM!!!
e as letras do Roberto, em especial me fascinam
ele é de uma sutileza incrível
fala de amor maduro sem nunca usar a palavra "velha"
fala de mulher gorda sem nenhum perjorativo ao sobrepeso
e fala de sexo
nossa, como o Roberto era promíscuo nos seus vinte e poucos
muito certo que ele comia muita gente naquela época
porque, ao cotrário das entidades masculinas que se encontram pelas ruas hoje em dia
Roberto sabia argumentar
Imagine você, mulher, recebe ao pé do ouvido a seguinte cantada:
"eu te proponho nós nos amarmos e nos entregarmos
(...) te dar meu corpo, e depois do amor, o meu conforto"
e se tu é daquelas frígidas que nunca transa, mas espera um principe encantado
o filho-da-putinha arremata com:
"eu te proponho nao dizer nada, seguirmos juntos na mesma estrada
que continua depois do amor, no amanhecer..."
pronto... você ouviu tudo o que queria sobre sexo
sem ter ouvido sequer uma única palavra profana
extremamente molhada
você sede à investida
mas quer se fazer de difícil
sabe como é mulher, não é?!
acha que transando na primeira noite vai desvalorizar o passe
ou porque está um pouco acima do peso
ou porque o sutiã não combina com a calcinha
ou porque a depilação tá um pouco vencida
mas Roberto é ardiloso
e ele te diz suavemente enquanto amacia o cabelo da sua nuca
"Olha, você tem todas as coisas que um dia eu sonhei pra mim
a cabeça cheia de problemas, mas eu não me importo, eu gosto mesmo assim!"
e heis que você se rende
ele te leva pra casa
te oferece um bom vinho
sem nunca passar dos limites que você impõe
mas é inevitável se seduzir por essas palavras compostas
por essa linguagem falsamente erudita
e altamente erótica
lá fora chove
então, antes que você perceba
"os botões da blusa que você usava e meio confusa desabotoava
iam pouco a pouco me deixando ver no meio de tudo um pouco de você"
e a melhor parte de tudo
é o conforto da casa dele
afinal de contas, os lençóis são macios
e amanhã de manhã ele vai servir um café pra vocês dois
te fazer um carinho depois e te envolver em seus braços...

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Eduardo e Mônica



Linda campanha da Vivo...
Renato Russo faz uma falta do caramba!!!

terça-feira, 7 de junho de 2011

Mestrando

escrever...
alguns afirmam ser extremamente fácil,
como se baixar a cabeça e letrar pensamentos fluísse naturalmente.
outros afirmam ser suplicantemente difícil,
com a desculpa de que escrever é um dom
para os que sofrem de excesso de inspiração.
confesso minhas limitações...
nem sempre é fácil poetizar o cotidiano...
nem sempre é permitido fazê-lo...
textos científicos precisam de fluência,
não precisam de rima.
eles são gelados...
muitas vezes congelados.
não passam de um diário de bordo,
relatando meses martirizantes.
e talvez sejam eles que mais forcem a mente,
e menos prendam a atenção.
seria tão mais fácil escrever:
100 páginas de angústias;
100 páginas de desesperos;
100 páginas de prazeres;
e relatar uma conclusão obscura e ambígua,
onde a vida é bela, o céu é azul e as águas são mansas,
mas as chuvas do inverno se aproximam trazendo o desconforto do frio
e o acalanto do fogo.
seria mais fácil poetizar uma vida sem nexos,
cheia de contrapontos,
onde o único sentido está na busca pela felicidade plena,
na consciência da vacuidade e impermanência dos eventos.
o fato é que meus experimentos são impermanentes.
meus corpos de prova exalam vacuidades
e deles eu tenho que tirar conclusões concisas
de propriedades macromoleculares
influenciadas pela simples vibração da ligação de dois carbonos.
exdrúxulo pensar que as migalhas de laboratório
definirão o tipo de professor que eu poderei ser.
é até mesmo descabido compreender
como a mistura de duas moléculas tão pequenas
podem eventualmente estar envolvidas
na melhora da qualidade de vida de um paciente com câncer de pulmão.
para poder gritar ao mundo o pouco que eu sei
tenho que recorrer à poesia do cotidiano.
por mais exata que seja minha ciência
eu quero humanizá-la,
profetizá-la,
doá-la aos pobres.
mas para isso, eu preciso cientificar e engessar meus versos.
dissertemos sobre a vida,
mesmo que a vida se resuma
a uma molécula com cinco carbonos e oito hidrogênios.
mestrado em engenharia do verso...

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Desencontros

Queria ter tocado o Sol
De verdade
Queria mesmo
Ele é mais caloroso que os ambientes que me recebem
Ele tem esta espontaneidade de brilhar
Seu sorriso ilumina de longe
e me pergunto se não ofuscaria de perto
Mas o que faço com tal moço?
Se quando eu apareço
ele se esconde?
Ele coloca um sorriso no meu rosto
com certa periodicidade
Ele me deixa numa escuridão sem fim
e nem toma conhecimento disso
Ele me ilumina por completo
me enchendo de esplendor
E nesses momentos de iluminação
todos me saúdam, me idolatram
todos os amantes me admiram
sem saber que a coloração da minha face
é roubada desse moço distante
a quem amo, mas não ouso tocar
Por que foges de mim?
Por que me deixas teus raios de saudação
numa entonação de despedida?
Como lenços esquecidos em residências alheias
que servem apenas de acalanto para mais uma madrugada
Sendo que, a medida que segues fugindo
sigo necessitando-te
Espero paciente outro amanhecer
quando te vejo tomando meu céu
assim como volto à tardinha
para buscar teus resquícios de lembrança
Queria ter tocado o Sol
Queria mesmo

tua,
Lua.

domingo, 5 de junho de 2011

"que seja letra que me faz voar..."

eu nem sempre lembro o caminho exato de casa,
e voltar, às vezes, é pior que se perder por ficar.
não sou bom com pedidos,
não sou bom com novas músicas em velhos violões,
não sou melodia sem voz.

nem sempre acerto o tom,
e às vezes a voz precisa de companhia.
às vezes os pés não estão no chão assim como o coração não está sozinho,
espera!
ouve!
podemos dançar com esse silêncio.
sempre quero dançar contigo no silêncio,
mas te prefiro grito!
te sinto melhor quando as mãos afagam soltando palavras.
quando o desejo é segredo de luz acesa.

podemos andar muito ainda,
podemos ser companhia,
e às vezes seremos ausência...
você pode ser dor em dias de melancolia,
mas que não seja nunca privação,
e que sempre seja pra sempre enquanto quisermos.
que seja na medida do nosso eterno.

que você seja saudade gostosa de sentir e matar...
que seja abraço necessário de ganhar,
que seja letra que me faz voar,
escreve.
não deixe de fluir,
não deixe de jorrar...

Ton

Regresso

"Foram longos dias de espera...
ansiedade, fantasia
o sonho desata louco a inventar mil quimeras"
Ruth Larré escreveu isto uma vez
não tinha muito em haver com regressos
era mais um conto sobre um baile
onde se dançava
e se perdia
e se ganhava
encontros com novos
desencontro com velhos
eu prometera-me jamais perder o foco
inspirar esses seis meses
e respirar profissionalismo
e me perdi
escrevi linha tortas
muito tortas
daquelas difíceis de consertar
tudo em busca de um sonho
mas o sonho foi se perdendo no caminho
e neste baile louco de ganhar e perder
eu sinto que perdi muito de mim mesmo
quando me olhava no espelho, já não via meu rosto
busca inspiração para mais linhas tortas
e elas sequer tortas surgiam
Mas em momentos de desespero interno
- e sorrisos forçados par alegrar aos que precisam mais de mim do que eu mesmo -
heis que surge uma inspiração
uma inspiração diária
que há seis meses abneguei por sonhos maiores que foram minguando
heis-me aqui inspiração
estou de volta!