segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Vazio

Vi uma estrada longa...
dessas cobertas pela sobra das arvores frondosas de primavera
pavimentada, mas sem pedrinhas de brilhantes
sobretudo, particularmente longa
por impulso ou intuição
eu corri
corri rápido
com pressa de chegar ao final
por vezes, maneirei o passo
pra não chegar cansado
mas mesmo assim, corri
queria muito ver onde aquela estrada iria me levar
tinha esperanças de encontrar um campo de flores
talvez um sorriso sincero
por sorte, acharia um abraço
e nesta ânsia curiosa
continuei correndo
a medida que ia chegando ao fim da estrada
eu ia revendo alguns fantasmas do passado
erros e falhas cometidas
e muitos, muitos tropeços
e por um milésimo de segundos
imaginei ter visto a mesma pedra que me derrubou anos atrás
corri mais rápido pra fugir dos traumas
e não vi fim algum da estrada
não vi flores
não vi sorrisos
não vi abraços
a medida que meu corpo pendia para o lado direito
com dores excruciantes nas panturrilhas
entendi que a estrada era levemente curva
sempre pro mesmo lado
olhei pro cordão da calçada
e senti a presença de duas figuras:
quando vi minha mãe chorando
e meu rosto marejado de triunfos
ali, tão proximos da rua
percebi que a estrada era circular
nunca teria fim
seria uma vida fadada a correr e não chegar a lugar algum
era por fim a hora de parar
de boa vontade, seguindo a lógica
nada fazia sentido no círculo vazio que havia se tornado minha vida
era tempo de novos rumos

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