quarta-feira, 9 de junho de 2010

Tontura

Ando meio zonzo
aquela sensação de pressão baixa
a visão enuveada
a cabeça embaralhada
a contradição em neurônios
os objetivos sendo atingidos com sucesso
os materiais de pleno acordo com a necessidade
os resultados saindo conforme o esperado
os hormônios satisfeitos por alguém que me estima
tenho milhares de motivos pra celebrar
mas nada mais me acomete a não ser a tontura
aquela boa e velha confusão mental
como o fôlego que se toma antes do mergulho
como o suspiro apático de um moribundo
como o silêncio antes do show começar
algo grande me espera
algo realmente grande
e ao invés de ansiedade, curiosidade, felicidade
o medo
medo de receber o troco
medo de tropeçar no escuro
medo de cair de cara no piso frio de terra batida
e a frente, nada encontro
a não ser o medo
que me traz a desconfortável presença de olhos observadores
olhos esses que
mais dia menos dia
hão de derrubar sobre minha envergada espalda
um punhal cravejado de brilhantes, inveja e rancor
as vezes penso que sei de onde vem o punhal
sinto ele como vindo da mesma direção de um vento gélido
que congela a alma e retrai os testículos
sinto por antecipação as dores e angústias de uma punhalada certeira
tenho tanto a celebrar
e não quero a nada celebrar
pois há algo vindo
com o grande, vem o vento
com o vento, vem o medo
com o medo, vem o punhal
com o punhal, vem a tontura
e já sinto a delirante tontura
antes mesmo da chegada do grande
delírios despertos

Um comentário:

ToN disse...

Nada como dar umas voltas por aqui e encontrar um pouco da fabulosa arte de ser intenso. Intensidade sem exagero. Intensidade inteligente, como deve ser, como deve ser mantida...

Bom encontrar essa cara limpa na frente de um espelho...

Cada vez mais escrevendo melhor!

PARABéNS!!!