segunda-feira, 12 de julho de 2010

Extremismos

Sigo
naquela velha corda bamba
numa ponta, o nó bem firme e atado
na outra, o barbante roído... ruindo
não existe meio termo
antes, era abstinência
hoje, é overdose
antes, era a distância mesmo próximo
hoje, é a proximidade mesmo distante
antes, era cada um por si
hoje, é um por todos
antes, era estridentemente silencioso
hoje, é bulbuciantemente sonoro
por que não existe um meio termo?
algo que me deixe seguro
sem precisar mudar minha vida de ponta cabeça
tem coisas que quero fazer
mas sei que não devo
tem coisas que quero fazer
mas não exatamente agora
é tudo muito instantâneo
e, ao mesmo tempo, muito volátil
ou simplesmente seja esta ideia de volatilidade
que me empurre de volta pra plataforma
e me faça correr da corda bamba
que ora me deixa extasiado
ora me deixa apavorado
sigo o balanço da corda
esperando o trapésio passar sobre minha cabeça
para que eu me agarre a ele
sem cair na cama elástica
sob a responsabilidade de ninguém mais do que a força das minhas mãos
fortes ou fracas
firmes ou trêmulas
oito ou oitenta
sigo
experimentando meus próprios venenos

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